quarta-feira, 8 de abril de 2009

VamPires

Silvio Piresh "Entre a meia-noite e a aurora, quando o passado é apenas fraude" T. S. Eliot Ah, Deus sempre volta ao local do crime.

- Mulher de ohs e ahs, nua, igual
estrela: crime
- Na parede, digitais de sangue
- No pescoço, dois pontos:
- E na nádega esquerda, um punhal
em forma de cruz
- Mais à direita, pequena tatuagem
e aspas de unhas
- O relógio ainda batia no pulso
- O criado-mudo babava um colar de pérolas

- Guirlanda de contradições, flor de canetas
à mesa
- Ali estava você?
- E Goethe
- Talvez descrevendo a suave linha
que o lábio traça?- Pode ser

- O que ele faz?
- Coleciona coisas
- Quadros, tapetes, selos, borboletas?
- Não
- O que, então?
- Aviões, jipes, tanques, soldados de
chumbo
- Quantas divisões tem a poesia?


- Gostava de crianças, não gostava
- Era liberal, comunista
- Vestia-se bem, usava jeans
- Gostava do Mike Jagger, ouvia jazz
- Sempre com pressa, nunca
- Não tinha família, pais caretas
- Era paulista, do Rio
- Extrovertida, tímida
- Estudante, formada
- Trabalhava, não trabalhava

- Era linda, era linda.




- Mariana aos 11: os meninos para ela
já tinham cãimbras no cérebro
- Aos 16: eram os homens
- Aos 18: ideal, átomo nas ruas
- Aos 21: rosa de aspas. Família
de braços abertos aos domingos. Mãe, ímã.
Alegria e macarronada
- Aos 22: pára-raio de chatos.

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